sábado, 1 de agosto de 2009

O Clarinete

O clarinete tal como conhecemos hoje passou por uma longa e complexa evolução. Em diversas culturas antigas são encontrados instrumentos cujo processo de produção do som é o mesmo que o da clarineta, são os chamados instrumentos de palheta simples, por possuirem uma única palheta que vibra e produz o som através de um tubo. Por volta do ano 2700 A.C já era encontrado no Egito instrumentos como o iarghul, a zummara e o midjweh. Na Índia podemos encontrar até hoje um instrumento tradicional conhecido como Pungi, que é usado pelos encantadores de serpentes.
midjweh
iarghul
zummara
pungi
A invenção da clarineta é universalmente creditada a Johann Christoph Denner (1655-1707) e seu filho Jacob Denner (1685-1735), famosos fabricantes de instrumentos de sopro que residiam na cidade de Nuremberg, e tinham a intenção de desenvolver o chalumeau. O chalumeau era uma espécie de flauta doce com um “bico”, onde se prendia uma palheta. e sua extensão sonora era de aproximadamente uma oitava e meia. Denner acrescentou ao chalumeau uma chave na parte superior traseira, que possibilitou ao instrumento atingir um registro agudo. Estava criada a clarineta. Pesquisadores acreditam que isso aconteceu em torno de 1701- 1704.
chalumeau
clarinetes construidos por Denner
A sonoridade do registro agudo da clarineta foi associado, a princípio, ao som do trompete, tanto que o primeiro nome dado ao instrumento foi mock trumpet (mock=“zombar”,“imitar”). Posteriormente, o registro agudo começou a ser chamado de “clarino” ,ainda em referencia ao trompete, derivando em clarineta, ou seja “pequeno clarim”. A grande diferença da clarineta em relação aos demais instrumentos de sopro é que numa mesma posição o instrumento emite um intervalo de 12ª, enquanto os demais instrumentos emitem uma oitava. Essa característica possibilita à clarineta possuir a maior tessitura entre os instrumentos de sopro, de quase 4 oitavas. Logo, essa e outras características começaram a cativar os compositores.
Em 1740, Vivaldi compôs tres concertos grossos para dois clarinetes e dois oboés e Handel compos uma abertura para dois clarinetes e corno di caccia na mesma decada. Karl Stamitz e Georg Fuchs compuseram concertos para integrantes da famosa Orquestra de Manheim na década de 1780. Esses concertos demonstravam a grande facilidade com que os executantes podiam passar do registro grave ao agudo, porém a afinação e progressões cromáticas eram ainda grandes desafios. Durante esse período foi significante a experimentação por parte de luthiers no tubo e furos do clarinete com o objetivo de superar esses problemas.
Em finais do século 17, o clarinete sofreu uma evolução com a introdução de novas chaves e alterações ao nível do diâmetro e posições dos orifício. Ivan Muller (Alemanha) desenvolveu nesta fase o clarinete de 13 chaves cuja popularidade se manteve até finais do séc. XIX.Entre 1839 e 1843, Joachim Klosé e Theobald Buffet adaptaram ao clarinete o sistema de colocação de dedos da flauta, chamado Boehm. Apesar deste ser o sistema habitualmente utilizado hoje em dia, subsistem ainda outros sistemas, como é o caso dos sistema “Albert” e “Oehler” (usados sobretudo na Alemanha).
O Clarinete possui uma “família”, composta por vários instrumentos:
Clarineta Sopranino . Em Láb – 1 oitava mais aguda que a requinta.
Clarineta Requinta – Em Eb (Mib) ou em D (Ré) – 1 quinta mais aguda que o soprano. A Requinta em Ré é antiga e incomum hoje em dia.
Clarineta Soprano (clarineta padrão) – o mais comum – geralmente afinado em C(Dó),Bb(Sib),A(Lá)
Clarineta Basset – Em A (lá) – muito usado em concertos para clarinete em lá, sobretudo no concerto de Mozart e quinteto de Mozart, este clarinete atinge notas de mais graves além do registro usual da clarineta padrão.
Cor de basset ou Corno Basseto – espécie de clarinete em Fá, tem o corpo ligeiramente diferente (curvo ou angular), muito usado por Mozart, mas caiu em desuso, apesar de ter sido usado por R. Strauss em Elektra, por exemplo.
Clarineta Alto – Em Eb (Mib) – 1 quinta mais grave que o soprano
Clarinete Baixo ou Clarone – Em Bb (Sib) – 1 oitava mais grave que o soprano
Clarinete Contra-Alto ou Clarone Contra-Alto – Em Eb (mib), 1 quinta mais grave que o Clarone e 1 oitava mais grave que a clarineta-alto
Clarinete Contra-Baixo ou Clarone Contra-Baixo Modelo Leblanc – Em Bb (Sib), clarinete em metal, 2 oitavas mais grave que o soprano
Clarinete Contra-Baixo ou Clarone Conra-Baixo Modelo Selmer – Em Bb (Sib), clarinete com o dobro do tamanho do seu parente de metal, clarinete em ébano comum, 2 oitavas mais grave que o soprano.
Clarinete OctoContra-Baixo – Em Bb (Sib) – Clarinete extraordinário, em metal, 3 oitavas abaixo do soprano, altura física: 2,76m